Muito acima do futebol:
a rivalidade entre Barcelona e Real Madrid
O Brasil para em dia de jogo de
Copa do Mundo. Madrid e Barcelona, as duas maiores cidades da Espanha, param
para Barcelona X Real Madrid, uma rivalidade que transcende o futebol. A Catalunha
sempre defende sua autonomia, enquanto Madrid simboliza a centralização do
poder. A Catalunha, cuja capital é Barcelona, é uma região situada a
Nordeste da península Ibérica, entre os Pirineus, o rio Ebro e o mar
Mediterrâneo. Submetida ao domínio de Castela desde o séc. XV conservou
privilégios até o final do séc. XVII. No séc. XIX, Barcelona foi autorizada a
comerciar com a América, o que lhe proporcionou uma indústria dinâmica que
favoreceu o enriquecimento. Paralelamente, na onda nacionalista romântica,
surgiu em 1833 a Universidade da Catalunha, que fez renascer o catalão como
língua literária. Em 1882, foi criado o Centro Catalão, que criou um movimento
político pela pátria catalã.
O Fútbol Club Barcelona foi
fundado em 1899, pelo suíço Hans Gamper. Depois de ter sido jogador, foi
presidente em cinco ocasiões, até 1925. Nas suas gestões firmaram-se os laços
entre o Barça e a cultura catalã, o que foi fundamental para o crescimento do
número de sócios, que em 1924, era em torno de doze mil. Em 1925, a
situação política espanhola era explosiva sob a ditadura de Primo de Rivera. A
Catalunha gritava contra a centralização do poder e a repressão das esquerdas.
Em 14 de junho, antes de um jogo regional, o público vaiou a execução do Hino
Nacional. O clube foi fechado por três meses e Gamper obrigado a deixar a
presidência para sempre.
Nos anos 30, o Barça passou por
uma crise financeira, social e desportiva. Durante a Guerra Civil (1936-39),
Josep Sunyol, esquerdista, presidente do Barça, foi assassinado pelos
franquistas; num bombardeio aéreo, a sede do clube foi praticamente
destruída. Do final da Guerra Civil até 1953, os presidentes do
clube foram nomeados pelo ditador Francisco Franco. Nos anos 40,
multiplicaram-se as acusações em torno dos trios de arbitragem e da presença
ostensiva de autoridades franquistas nos vestiários para favorecer o Real
Madrid, o que os madridistas negam veementemente. Nos anos 50, uma decisão
judicial favorável ao Real Madrid, na contratação de Alfredo Di Stefano, o maior
ídolo madridista até hoje, presidente de honra do clube, selou definitivamente
a rivalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário